domingo, 6 de novembro de 2011

A lenda de Vila Velha
Lourival Santos Lima
Antes da história do Brasil, a Terra das Araucárias só era povoada pelos filhos de Tupã. Correu notícia então, pela zona de Tabapirussu, de que havia tesouro enterrado em Itaqueretaba. Os guaranis, que habitavam próximo, passaram a vigiar dia e noite. Mas um índio tupi, que vivia entre eles, levou a novidade à tribo. Os guaranis destacaram uma legião de guerreiros fortes e valentes, sob o comando de Tarobá, para guardar Itaqueretaba e procurar riqueza escondida no solo pedregoso. Houve severas ordens para não permitir ali a entrada de estranhos, principalmente mulher. Pois soube pelas falas do pajé que os tupis inimigos queriam arrebatar-lhes o tesouro, através de uma princesa índia. Com efeito, Nabopê, linda filha de um cacique tupi, fora levada em segredo e deixada nas proximidades de Itaqueretaba. Lá a encontrou Tarobá, certa noite, perdida nos campos, e a sua impressionante beleza fascinaram-lhe para sempre o coração. Nabopê passou a viver sob a proteção do chefe guarani, por quem também se apaixonou, esquecida da missão de espionar por sua gente.
Vendo-se traídos, guaranis e tupis uniram-se contra Tarobá, Nabopê e seus fiéis guerreiros. As flechas escureceram o céu azul, no dia do grande combate. Depois ficaram dormindo o sono eterno, sobre a campanha verde, os guerreiros de Tarobá. Salvou-se apenas este e sua amada. Mas ao contemplar os companheiros mortos, Tarobá e Nabopê, irmanados pelo afeto que sempre os uniu, beberam uma taça de veneno e assim fugiram das mãos vingadoras.
Essa é a estória que ficou lenda, sob a proteção de Tupã. O deus do trovão, em memorada luta heróica e daquele amor profundo, transformou os dois amantes em dois penhascos, um maior, Tarobá, outro menor, Nabopê, ao lado da taça erguida entre ruínas de pedras, rememorando os guerreiros mortos...
Itaqueretaba, hoje, é Vila Velha, próxima às Furnas, enormes crateras, de onde desapareceu subterraneamente o tesouro lendário, que se diluiu, pelos raios faiscantes de Tupã, nas águas coloridas e mansas da Lagoa Dourada.

Referências:
Lourival Santos Lima In: TAKEDA, I. J. M.; FARAGO, P. V. Vegetação do Parque Estadual de Vila Velha: Guia de Campo. Vol. 1. Curitiba, 2001.

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